NA BAGAGEM - Frutose: Faz Sentido Temer o Açúcar Natural das Frutas?

 Frutose: Faz Sentido Temer o Açúcar Natural das Frutas?

O controle do consumo de açúcar é frequentemente destacado como uma medida essencial para prevenir a obesidade e diversas doenças. Um dos focos de atenção é a frutose, o açúcar natural presente nas frutas, que tem sido associado a problemas cardiometabólicos, como obesidade, diabetes tipo 2 e esteatose hepática. No entanto, será que é necessário temer o consumo desse açúcar natural?

A resposta é clara: não. Apesar da frutose ser conhecida como o açúcar natural das frutas e ser associada a alguns problemas de saúde quando consumida em excesso, a redução drástica do consumo desses alimentos não é a solução. Pelo contrário, uma dieta equilibrada e rica em frutas é essencial para uma alimentação saudável e pode até mesmo contribuir para o processo de emagrecimento.

A nutricionista Fabiana Teixeira, do Hospital Israelita Albert Einstein, destaca a importância de considerar o alimento como um todo. As frutas in natura são fontes ricas em fibras, que desempenham um papel crucial na regulação da liberação de açúcares na corrente sanguínea, proporcionando saciedade. Além disso, as frutas contêm vitaminas, minerais e compostos antioxidantes essenciais para a saúde.

Mas, e quanto aos riscos associados à frutose? É fundamental distinguir a frutose naturalmente presente nas frutas daquela encontrada em produtos industrializados. A frutose nas frutas é acompanhada de outros compostos benéficos para a saúde, enquanto o xarope de frutose, amplamente utilizado na indústria alimentícia, pode levar a problemas metabólicos.

O médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, destaca que a frutose é metabolizada no fígado para gerar glicose, essencial para a produção de energia. No entanto, em excesso, pode levar à produção de ácidos graxos inflamatórios, contribuindo para a esteatose hepática. É crucial compreender que o consumo de frutose a partir de frutas in natura não é o responsável por esses transtornos.

O perigo real reside no consumo de produtos industrializados, onde a frutose é frequentemente adicionada na forma concentrada. Uma banana e um biscoito recheado, mesmo que ambos contenham frutose, não são comparáveis em termos de impacto na saúde devido à presença de outros componentes nos alimentos naturais.

Ribas Filho destaca a importância de uma dieta equilibrada, como a dieta mediterrânea, que recomenda a ingestão diária de frutas e vegetais. O problema atual é o consumo excessivo de frutose não natural, presente em alimentos processados.

A forma como consumimos frutas também desempenha um papel significativo. Comer frutas inteiras, in natura, é preferível em comparação com o consumo de sucos de frutas, pois as fibras presentes nas frutas ajudam a regular a absorção de açúcar, evitando picos glicêmicos e proporcionando saciedade.

Para aqueles que buscam emagrecer ou controlar o diabetes, a nutricionista Fabiana sugere estratégias como diluir sucos concentrados com água, adicionar fibras ou proteínas ao consumir frutas e distribuir o consumo ao longo do dia. Optar por frutas com menor índice glicêmico e menos maduras também pode ser benéfico.

Em resumo, o receio da frutose presente nas frutas deve ser contextualizado, considerando o conjunto de benefícios que esses alimentos oferecem para a saúde quando consumidos de maneira equilibrada e sem exageros.